Quero um lugar
longe de reuniões de condomínio,
perto de um rio
que desemboca no mar.
Quero alugar,
obter, dividir/multiplicar
esse lar. Torná-lo
O Rio, com vista pro mar.
De Janeiro a Janeiro
esquivar-me dos riscos que existem em seus desvios;
desafiar os seus filhos,
e ainda, os amar.
Fazer daqui a Holanda, a Amazônia, a Índia, o Mapiá.
Bairros próximos ao Leblon e Jardim Botânico: Lapa, Sana, Lumiar.
Não quero a fumaça dos automóveis, quero o sorriso boa praça do mano Fú, e seus ensinamentos.
Quero festejar os bons momentos, os gols moleques, aos molejos, beijos e abraços e expandir meus braços junto aos dos camaradas.
Quero o verão do Sul, o Carnaval do Nordeste, as festas de São João, e ainda poder frequentar o Baixo Gávea empesteado nas vitórias do Mengão. Alías, eu sou tudo isso! Eu sou o Maraca lotado, o ingresso esgotado da torcida, do teatro, da vida. Eu sôou real, mas sou o cinema nacional! Sou aterrado e conectado, sou plantador de batata, de cannabis, de bananeira, sou Capoeira, sou poeira varrida e teimosa, sou verso, sou prosa, uno e diverso, solar, noturno, sei luzir e obscureço. Sempre me lembro, sempre me esqueço, não espero. Sou surpresa e surpreendido, sou novo e vivido, tenho conteúdo, sei ser leviano, sei mudo, sei tudo, sou nada...
Guardo em baú os sonhos que valem-me vivo, as viagens.
Há um ano